Quando três mulheres ficaram grávidas no mesmo período, em uma empresa de 30 pessoas, o empresário argentino Gérman Jorge logo reuniu todos os funcionários para uma conversa. Em uma situação como essa, não seria exagero imaginar que o comunicado seria de cortes e reajustes, ainda mais no contexto de grave crise da Argentina.
Mas para a surpresa dos funcionários, Jorge queria dizer a eles que a direção estava disposta a trabalhar com ainda mais afinco para garantir a seguridade de todas as famílias naquele período, sem cortes.
Então, como fruto de uma cultura de partilha e reciprocidade, já madura nessa organização que faz parte da Economia de Comunhão, os próprios funcionários se organizaram para cobrir as três mamães. Assim a empresa não precisaria se preocupar em contratar novas pessoas.

Essa experiência, acima de tudo de relacionamento, foi uma das intervenções realizadas durante o evento de empreendedorismo realizado pela EdC, com o apoio da ANPECOM, em Curitiba, no último dia 14 de junho, com o título “Empreender: o valor das escolhas cotidianas”.
Além do empresário argentino, os participantes puderam escutar as proposições de Maria Helena Faller, presidente da ANPECOM e de Diego Godoy, headhunter da Easy2recruit, que transformou a própria companhia de recrutamento em uma empresa social para oferecer treinamento a desempregados e refugiados.
A reflexão inicial, feita por Faller, convidou a todos a entender o papel do empreendedor como um dos maiores responsáveis por construir sociedades mais democráticas e mais inclusivas. A presidente da ANPECOM destacou que 96% das empresas formais brasileiras são pequenas e médias empresas e que se essa “massa” de empresários se organizar, é possível levar para frente pautas políticas e econômicas a fim de tornar o Brasil mais favorável ao empreendedorismo.
Partindo da premissa de que o mercado, na prática, é regido por relações entre pessoas, e não somente por suas agressivas leis de competição e concorrência, o evento também convidou os empresários presentes a serem inovadores sociais. Ou seja, pessoas motivadas pelo desejo de compartilhar recursos e gerar negócios, mas também movidas pelo anseio de transformar o mercado, no dia a dia e com relacionamentos positivos, em um espaço de produção de bens sociais.

“O mercado não é um lugar naturalmente dominado pelos interesses egoístas de quem só enxerga números e maximização de recursos. Ele pode ser isso e pode não ser, mas a vida diária mostra que na maior parte do tempo ele pode ser diferente do que nos fazem acreditar que é. Ele é fundamentado e mantido por relações de confiança recíproca e mútua vantagem, estabelecida por pessoas com RG e CPF”, destacou Faller.
O empresário Celso Beppler, de Joinville em Santa Catarina, percorreu 130 quilômetros para participar do painel e ao final compartilhou a importância de ter sempre na sociedade essas células saudáveis, de gente que acredita no ser humano. “Devemos ser essa locomotiva que produz um novo jeito de fazer negócios e propõe uma nova cultura de vida para o mundo corporativo”, concluiu.
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