Um estudo recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) inspirou essa nossa provocação: quanto é preciso para erradicar a pobreza no Brasil? É claro que não há uma resposta objetiva para um contexto tão complexo. O objetivo do estudo, de fato, foi apresentar simulações para o futuro das transferências não contributivas de renda no país, com seus possíveis custos e impactos sobre a pobreza e a desigualdade.
As simulações contemplaram três cenários distintos de adoção de modelos de benefícios não contributivos: um focalizado, pago aos mais pobres; um universal, pago indistintamente a todos os brasileiros; e um híbrido, com um componente pago universalmente às crianças e adolescentes de até 18 anos e um componente focalizado, pago aos mais pobres acima dessa idade. Todos os modelos foram analisados em três cenários orçamentários também: R$ 58 bilhões/ano, R$ 120 bilhões/ano e R$ 180 bilhões/ano.
Vale conferir o estudo completo aqui. Mas deixamos a seguir, um trecho dos seus resultados.

 Os resultados

Os modelos focalizado e – em menor grau – híbrido acarretariam reduções da pobreza e da desigualdades em relação ao Programa Bolsa Família atual nos três cenários orçamentários, com efeitos crescentes conforme a disponibilidade de recursos. Por exemplo, no cenário de R$ 58 bilhões/ano, o coeficiente de Gini cairia 1,3% no modelo focalizado e 0,8% no híbrido, ao passo que a pobreza medida pela linha de PPC$ 1,90/dia (R$ 150 por mês) diminuiria 0,6 p.p. e 0,3 p.p., respectivamente. No cenário de R$ 180 bilhões/ano, o Gini recuaria 7,2% no modelo focalizado, que também reduziria a extrema pobreza praticamente a zero, enquanto o modelo híbrido derrubaria a desigualdade em 6% e a pobreza em 3 p.p., trazendo-a de 6,2% (com o PBF atual em 2019) para 3,2%.
Será que R$ 180 bilhões/ano seriam suficientes para erradicar a pobreza no Brasil? Acreditamos que esta é uma resposta bastante simplista e que a pobreza deve ser compreendida com toda a sua complexidade.
Por isso, mais do que estimar valores monetários, entendemos que para erradicar a pobreza é necessária uma boa receita de “valores” e oportunidades de crescimento humano. 
Entendemos que a pobreza não significa apenas a privação de recursos materiais, mas também ausência de acesso a recursos relacionais, emocionais, afetivos, sociais, políticos. Tais privações comprometem o florescimento humano das pessoas e das suas potencialidades, gerando a vulnerabilidade econômica, que é apenas a ponta do iceberg.
Para erradicar a pobreza é preciso muito mais do que maior circulação de renda e melhor acesso a recursos econômicos. É preciso facilitar processos de florescimento das capacidades humanas, no qual as pessoas acessam o seu poder interno de protagonizar suas vidas e juntas, em conexão, e acessam o poder compartilhado de gerar mudanças políticas e sociais. A mudança sistêmica começa por aqui. É preciso redesenhar e experimentar novas formas de distribuir recursos que geram autonomia e protagonismo político e social. 

Filhos de participante do Supera, de Minas Gerais.


Em nossos 30 anos de atuação, compreendemos que uma cultura de encontro, aquela que nos faz reconhecer como parte de uma única comunidade global, é a chave que aciona a potência do ser humano. Para nós, é essa cultura que faz emergir uma nova forma de pensar e também de fazer negócios. É ela que desabrocha e promove superação e pode potencializar processos comprometidos com a erradicação da pobreza.
Por isso, quando compartilhamos vulnerabilidades e oportunidades geramos um ciclo de florescimento que realiza uma comunhão concreta de recursos materiais, de talentos e o mais importante e central: da própria existência.
São esses os verdadeiros valores, para a Economia de Comunhão, capazes de erradicar a pobreza.

Estamos juntos?

Contamos com a sua contribuição para colocar em prática esse movimento de comunhão: promover o encontro entre vulnerabilidades e oportunidades, em busca de equidade. 
A Campanha Comunhão e Ação já começou! Por meio dela a Economia de Comunhão no Brasil financia projetos de empreendedorismo e florescimento humano comprometidos com a erradicação da pobreza.
Junte-se a nós!
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