O empresário Marcelo Kassa, proprietário de uma rede de óticas, não esconde a satisfação ao dizer que a rede de empresários da Economia de Comunhão (EdC) em Londrina (PR) já tem oito anos e, hoje, conta, em média, com 90 participantes em suas reuniões, agora quadrimestrais.
Uma intensa partilha de experiências e de conhecimento – e até o nascimento de negócios – já aconteceu desde que, de forma espontânea, começaram as primeiras conversas numa padaria de Londrina.
Quando os primeiros amigos passaram a se ver, quase que todos os dias, os assuntos das conversas variavam. Porém, em pouco tempo, o tema dos negócios ganhou mais espaço. Essa foi a deixa para que Kassa – atual vice-presidente da Associação Nacional por uma Economia de Comunhão (Anpecom) e administrador de empresas formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) – e amigos apresentassem ao grupo o projeto da EdC, o que logo atraiu a atenção de outras pessoas.
Atualmente, até mesmo empreendedores de cidades vizinhas – como Ibiporã, Cambé, Apucarana e Arapongas – participam dessas reuniões. A iniciativa também já está sendo imitada por outros grupos da EdC no Brasil e no mundo.
Kassa conta que a evolução do interesse na construção de um modelo de negócios ético e consciente levou os participantes a pensar em reuniões mais sistematizadas, em que essa partilha pudesse ser mais aprofundada. Ele diz que sua experiência como diretor e presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (ACIL) o ajudou a propor essas modificações. As inovações deram tão certo que, hoje, a própria ACIL sedia as reuniões e se tornou parceira da EdC.
Da simples troca de experiências e discussão sobre temas gerais de economia e negócios, o grupo passou a enfrentar temáticas mais específicas, embora de interesse comum.
É o caso, por exemplo, da discussão sobre a relação do empreendedor e as novas tecnologias, bem como sobre o papel do empreendedor na construção de cidades inteligentes. O propósito central permanece: motivar os empresários a agir sob inspiração da Economia de Comunhão, o que implica, por exemplo, não colocar o lucro como a única razão de ser da empresa. “O coffee continua, só não tem o break­”, brinca Marcelo.
A Panificadora Brot é um fruto concreto desses momentos de partilha. Ela nasceu de um plano de negócios desenvolvido pelo próprio grupo. Hoje, essa padaria emprega 30 pessoas e fatura R$ 3 milhões por ano, tendo como princípios norteadores o foco total no cliente, a remuneração acima da média do mercado e o bom nível de qualidade na produção e condições de trabalho.
Marcelo Kassa faz questão de salientar que a dinâmica das reuniões é sempre a da comunhão que gera uma nova cultura econômica, porque fundamentada na relação harmoniosa entre as pessoas.
“Não há direcionamentos políticos ou ideológicos”, afirma. “Tão importantes quanto os conteúdos dessas reuniões são os encontros entre as pessoas que, gratuitamente, se ajudam e se permitem ser ajudadas”, completa o empresário, para quem a gratuidade é um dos princípios fundamentais da EdC na busca de um sentido para esse mundo tão cheio, ao mesmo tempo, de desperdício e de carestia.
 
Matéria publicada originalmente na Revista Cidade Nova, em julho de 2019.